O Bando

CONHEÇA UM POUCO MAIS DA NOSSA HISTÓRIA

O BANDO

Contarei aqui a história de cada um dos membros do bando do qual faço parte, como líder. Espero com isso, dar a todos os leitores que por aqui passarem, uma compreensão maior sobre a real importância de nossos atos e o quanto podemos fazer diferença na vida destas criaturas maravilhosas, com as quais temos o privilégio de conviver. Quero também, num aparte, tentar  mostrar a importância da adoção. Muitos buscam adquirir cães de raça, levados por modismos ou por acharem que apenas cães de raça adquiridos de criadores, a altos preços, é que irão lhe satisfazer como animais de estimação. Podem acreditar: isso é uma bobagem. Seja adotado ou comprado, o seu cão gostará de você da mesma forma. A grande diferença aqui é que o adotado, provavelmente morreria, ou estaria passando por sérios riscos se não fosse a sua atitude. Bom, mas chega de conversa e vamos lá falar sobre o Bando.

O primeiro e mais antigo membro deste bando é o Bidu, cuja história começou antes mesmo de seu nascimento. Sua mãe que atendia pelo nome de Rosinha, ia sempre nos visitar em uma chácara onde passávamos o final de semana. Ela era muito dócil. Dávamos comida a ela e a outra cadela do mesmo dono. Elas comiam, ganhavam carinho e depois iam pra casa onde moravam. Não eram bem cuidadas. O tempo passou e em uma destas visitas eu notei que a Rosinha estava com as tetas cheias e logo concluí que tinha dado cria.  Perguntamos a dona dela e ela confirmou. Falou que ela tinha criado no mato, próximo à estrada e então, fomos lá para ver os filhotes. A mulher também nos contou que a Rosinha seria levada de lá no dia seguinte e que os filhotes seriam desmamados, pois já estavam com 30 dias. A família muito humilde estava dando lavagem para os filhotes comerem. Chegando lá, tivemos de resistir a vontade de pegar os 5 filhotes, principalmente pelo fato de não termos espaço para eles, então escolhi um entre os cinco, a quem demos o nome de Bidu, que particularmente , eu achei que não iria crescer muito em função do tamanho de sua mãe, que era pequena. Bidu tinha tudo, segundo o veterinário a quem o levamos no dia seguinte. Tinha vermes, carrapatos, pulgas, desnutrição, falta de proteína, problemas de pele, mas também tinha sorte, porque iria ser cuidado. Em seu desenvolvimento de filhote a adulto, Bidu recebeu muito carinho, atenção, boa alimentação e nos deu também de volta, carinho e afeto em igual proporção, mas não posso deixar também de citar, seus feitos heroicos, de destruir a mangueira sifonada de um tanque, todos os botões de controle de uma máquina de lavar roupas, bem como, os fios de sua tomada e mangueira de saída de água, sua primeira cama, entre outros, tudo fruto de minha inexperiência como líder. Ele precisava gastar energia e eu não proporcionava isso a ele de forma adequada, então ele gastava ela a sua maneira, destruindo tudo que via pela frente. Hoje o Bidu é o exemplo para os outros. Um companheiro formidável, carinhoso, amoroso e obediente. É o senhor da casa, mas o fato de ter se desenvolvido sozinho sem a companhia de outros cães, teve um preço: Bidu não brinca com os outros membros do bando, apenas comigo. Bidu está hoje com cinco anos de idade, sendo que o segundo membro só chegou, quando ele já estava com dois anos e meio de idade.

E por falar em segundo membro do bando, ei-lo aí: Antônio Carlos Tadinho, “O Tadin”. Este rapaz entrou para o bando já na metade de sua adolescência, de acordo com a estimativa do veterinário, pouco mais de seis meses de idade. Eu estava fazendo a caminhada da tarde com o Bidu, quando o vi andando do outro lado da rua. Ele atravessou a rua, se aproximou, tentou brincar com o Bidu. Cheiraram-se e então ele veio me acompanhando até a porta de casa. Era um período de chuva e estava para cair mais uma. Fiquei com pena dele e deixei-o entrar. Dei comida aos dois. A chuva caiu, a noite chegou e decidi então deixá-lo dormir na minha área até o dia seguinte e soltá-lo quando fosse trabalhar. Foi o que eu fiz. Soltei-o e fui para o trabalho, caminhando até a estação do metrô e ele me seguindo. A estação lotada como sempre. Eu imaginei: bom, aqui ele vai começar a seguir alguma pessoa e vai tomar outro rumo. Mas mesmo assim, ainda fiquei com aquele aperto no coração, por medo de alguma coisa ruim acontecer a ele. Voltei do trabalho às 17h30min, desci na estação e fui para casa olhando para ver se não o via por ali e nada dele. Então pensei: deve ter seguido alguém e não o verei de novo. Quando virei na esquina da minha rua, ele estava deitado no passeio, pouco para baixo da entrada do portão da minha casa. Ele se levantou na mesma hora em que me viu e veio me encontrar. Entrei pra casa e ele entrou atrás e não saiu mais. Ele tinha me adotado. Ele e o Bidu se deram bem. Ele muito brincalhão e sempre pronto para farra. Hoje em dia, com ambos adultos, rola um pouco de ciúme entre eles, mais o fato da eterna tendência da luta por dominância, mas 80% do tempo eles se dão bem, nos outros 20% faço valer a minha situação de líder do bando, para manter a ordem e a paz entre eles.

Agora vamos falar deste cara, “O Batoré”. Este é o nome dado por nós, mas ele recebe diversas alcunhas, sendo também chamado de Totoré, Cabeção, Chorão e Zuiudo. Se for chamado por todos estes nomes e ainda assim não atender, é só chamar o Bidu bem alto que o Batoré aparece. Hábito que adotou por  achar que sempre que se chama o Bidu é para dar comida. Rsss. Bom, vamos lá : após um dia de trabalho, eu estava indo da estação do metrô  para casa e naquele dia resolvi passar pela rua da Lagoa (um itinerário diferente) e uma senhora vizinha, moradora desta rua, me chamou pedindo ajuda e me mostrou ele deitado na frente da sua casa. Ele estava completamente prostrado, não se movia apinhado de carrapatos e pulgas. Liguei pra minha namorada e pedi a ela que passasse na clínica veterinária e comprasse um medicamento anti-carrapatos e pulgas e vermífugo.  No dia seguinte o levamos ao veterinário, que identificou além dos problemas por conta da infestação de carrapatos e pulgas, uma falta de proteínas que causou uma doença popularmente conhecida como Barriga D’agua. Nossa idéia inicial era de tratá-lo e colocá-lo para adoção, mas depois de toda a farra e alegria que este camarada trouxe ao bando, não teve como abrir mão dele. O mais interessante nesta história é o que eu ainda não contei.  Batoré é filhote de uma cadela Bassê, de uma casa próxima. Eu já a tinha visto, assim como também já tinha visto o Batoré. Ele foi dado pelo dono desta casa, para um grupo de mendigos que estavam acampados na rua entre o metrô e a minha casa. Eu passava por lá e geralmente levava ração comigo e deixava lá para os cães deles. Eu não entendia aquilo, eles não tinham condição de cuidar nem deles mesmos, que dirá dos cães. Como que alguém pode em sã consciência doar um animal para pessoas assim tão carentes. Por várias vezes eu pensei em pegar ele, pois eu ficava pensado: que futuro terá esse pobre rapaz. No mesmo momento em que eu o vi lá prostrado em frente a casa de Dona Maria, eu tive a certeza de que era ele, o cãozinho dado aos mendigos. Este tempo vivendo na rua, deixou marcas nele, que se tornou um cão amedrontado. Qualquer batida de pé mais forte no chão, ou coisa que caia e faça barulho, provoca sua fuga imediata  e um ganido no mesmo instante, mas tirando isso, ele hoje é só alegria.

Neste vídeo abaixo você pode assistir o café da manhã do bando junto com alguns amigos. todos juntos cada um aguardando a sua vez...