Reza a lenda que o Pequinês surgiu como o resultado do amor impossível de um leão por uma minúscula macaca. A história diz que, desesperado de amor, o leão foi pedir conselhos ao deus Hai Ho, que diante do desespero do leão ofereceu uma solução: se ele estivesse de acordo em sacrificar o seu tamanho em nome do amor à macaca, teria ajuda divina. O leão concordou de imediato e assim teria nascido o pequinês: com o tamanho, inteligência e doçura da mãe e a coragem e dignidade do pai.
Análises de DNA recentes indicam que os pequineses são uma das mais antigas raças de cães do mundo. Pelo menos desde a Dinastia Ming (1368-1644), sua posse estava restrita aos membros da corte imperial chinesa, sendo que o cruzamento e a criação ficavam a cargo dos eunucos. Estes, por sinal, disputavam arduamente entre si as boas graças dos governantes, tentando produzir os exemplares mais ferozes e de aparência mais leonina.
Além da lenda, o que se sabe sobre a origem do pequinês é que a raça teve sua origem na China, há mais de 4 mil anos, mas foi com a introdução do Budismo, no século II, que a raça ganhou o status de cão sagrado, simbolizando o "leão de Buda". Nesta época, como cão sagrado, o Pequinês vivia em completo isolamento na Cidade Proibida e os registros de nascimentos eram organizados pelos monges no Livro Imperial dos Cães.
Companhias constantes do imperador, quando este seguia para o salão de audiências, muitos dos seus pequenos companheiros lideravam a procissão anunciando sua chegada com latidos agudos (uma dica para que os simples mortais virassem o rosto para o outro lado). À noite, eles carregavam lanterninhas penduradas nos pescoços.
Ao longo dos primeiros dois séculos da Dinastia Manchu (1644-1912), o Pequinês e o Lhasa Apso eram mais parecidos entre si do que são hoje. Mas foi somente nos últimos 100 ou 150 anos que programas especializados de cruzamento na Cidade Proibida e no Ocidente estabeleceram uma conformidade que permitisse distinguir claramente entre ambas as raças.
A chegada dos Pequineses no Ocidente foi resultado do saque feito ao Palácio Imperial em Pequim pelas forças britânicas em 1860, quando muitos membros da realeza chinesa preferiram matar seus Pequineses a vê-los nas mãos de estrangeiros. Por isso, durante a aproximação das tropas inglesas, eles mataram quase todos os cães, antes de cometer suicídio.
Dos cinco animais sobreviventes encontrados pelos ingleses, todos de cores diferentes, Lord John Hay levou um casal, posteriormente chamados de ‘Schloff’ e ‘Hytien’ e os deu à sua mãe, a duquesa de Wellington, esposa de Henry Wellesley, 3° duque de Wellington. Sir George Fitzroy levou outro casal, e os deu para seus primos, o duque e a duquesa de Richmond e Gordon; estes dois, que receberam o prefixo de Goodwood, são os fundadores da linhagem inglesa. O tenente Dunne presenteou o quinto Pequinês para a rainha Vitória do Reino Unido, que o chamou de Looty.
O ápice do Pequinês como queridinho dos palácios imperiais chineses ocorreu durante o reinado da Última Imperatriz (Tzu Hsi), que ascendeu ao poder em 1861. Para obter prestígio, ela se fez cercar dos diminutos "cães-leões", insistindo para que sua semelhança com o leão fosse tão próxima quanto possível. Após a morte dela em 1908, os serviçais da corte mataram a maior parte dos animais para que eles não caíssem em mãos indignas. Os poucos que escaparam desapareceram em residências particulares sem deixar vestígios; não fosse a raça estar firmemente estabelecida no Ocidente, teria muito provavelmente sido extinta nesta ocasião.
O primeiro padrão da raça foi redigido em 1898 e o primeiro clube da raça foi fundado na Inglaterra em 1904.
No Brasil, na década de 60, o pequinês era a raça mais popular entre as raças de companhia e, justamente por essa enorme popularidade, a raça sofreu considerável descaracterização, não apenas fisicamente, mas, principalmente, em termos de saúde e temperamento. E como resultado desta descaracterização, a raça praticamente sumiu após 10 anos.
Apesar de sua aparência frágil o Pequinês é bem mais resistente e corajoso do que sua aparência sugere, com a dignidade de um pequeno rei, independência, confiança e teimosia, elementos que se juntam na formação de um cão animado e bem humorado e carinhoso, que irá respeitá-lo se você o respeitar. Leal irá proteger a sua família, e avisar latindo sempre que um estranho se aproximar.
Seu treinamento exigirá do seu dono, paciência, firmeza e consistência usando sempre de reforços positivos como recompensas com alimentos, elogios etc. O Pequinês não é um cão que exija muita atividade ou exercício, uma boa caminhada diária já é suficiente para drenar-lhe a energia, e mantê-lo em um estado mental equilibrado, O Pequinês não é uma raça recomendada para donos inexperientes, o dono deve evitar a todo custo mimá-lo em demasia, ou ser condescendente demais, o que pode fazer com que o cão tenha comportamentos negativos.
Considerado por muitos como sendo um gato no corpo de um cão em função de sua indiferença para com os que não fazem parte da sua rotina, No relacionamento com crianças o Pequinês não é dos mais confiáveis, já que não tolera abusos logo recomenda-se sempre a supervisão de um adulto. O Pequinês adapta-se bem a pequenos espaços.
O Pequinês geralmente é saldável, e desde que vacinado e vermifugado corretamente pode viver de 10 a 15 anos, mas como todas as raças, são propensas a certas condições de saúde. Nem todos os pequineses irão ter uma ou todas estas doenças, mas é importante estar ciente delas, se você está considerando ter um cão desta raça esta raça. Os problemas de saúde relatados com maior frequência para raça são:
Luxação da patela - este é um problema comum em cães de pequeno porte. Ele ocorre quando a patela, que tem três partes - o fêmur (osso da coxa), patela (rótula), e da tíbia (panturrilha) - não estão devidamente alinhados. Isso causa claudicação na perna ou uma marcha anormal. É uma condição que está presente desde o nascimento, embora o desalinhamento ou luxação real geralmente ocorra muito mais tarde. A fricção causada pela luxação patelar pode levar a artrite, a doença articular degenerativa. Existem quatro graus de luxação patelar, que variam de grau 1, uma luxação ocasional causando claudicação temporária na articulação, ao grau 4, em que a virada da tíbia é grave, e a patela não pode ser realinhados manualmente. Isto dá ao cão uma aparência pernas arqueadas. Graus severos de luxação patelar podem exigir a reparação cirúrgica ;
Ceratoconjuntivite seca - a ceratoconjuntivite seca, ou olho seco, ocorre quando a produção de lágrimas é insuficiente para umedecer os olhos. O seu veterinário pode realizar um teste da lágrima de Schirmer para diagnosticar olho seco, que pode ser controlada com medicamentos e cuidados especiais. Esta é condição que requer terapia e cuidados por muito tempo;
Síndrome do Braquicéfalo - o nome completo para a condição é a síndrome de obstrução das vias aéreas braquicéfalo (BAOS). Esta condição ocorre nas raças que foram criadas seletivamente para ter uma cara mais curta. Estes cães têm algum problema com a respiração a partir do momento em que nascem. As características exageradas que ocorrem com sua anatomia incluem um palato alongado, carnudo e macio, narinas estreitadas, as alterações da laringe, e uma traqueia relativamente pequena. Os problemas variam de acordo com a gravidade da doença. Cães mais braquicefálicos tendem a fungar e bufar em algum grau. Alguns não têm outros problemas, já outros têm a respiração cada vez mais barulhenta, tosse, engasgos, desmaios e episódios de colapso e uma tolerância menor para o exercício. Superaquecimento é especialmente perigoso para estas raças porque o estado ofegante causa mais inchaço e estreitamento das vias aéreas, aumentando a ansiedade dos cães. O tratamento pode incluir dietas para evitar sobrepeso, corticosteroides para o alívio de curto prazo da inflamação das vias aéreas, e encurtamento cirúrgico do palato mole se ele for alongado demais;
Valvopatia Mitral - Este defeito na válvula mitral do coração faz um desvio de sangue para o átrio esquerdo, conhecido como regurgitação mitral. Isto faz com que o coração seja menos eficiente no bombeamento do sangue. É a doença cardíaca adquirida mais comum, que afeta mais de um terço dos cães com mais de 10 anos de idade. Existem várias raças que são geneticamente predispostos para adquirir a condição numa idade muito mais jovem, e o Pequinês é um deles. Se o seu veterinário ouve um sopro no coração, seu Pequinês deve ser avaliada por um cardiologista veterinário;
Doença do disco intervertebral - A medula espinhal é rodeada pela coluna vertebral, e entre os ossos da coluna vertebral ficam os discos intervertebrais, que funcionam como absorventes de choque e permitem o movimento normal das vértebras. Os discos são feitos de duas camadas, uma camada fibrosa e uma camada exterior gelatinosa interna. A doença de disco intervertebral ocorre quando a gelatina da camada interior se projeta para dentro do canal da coluna vertebral e é empurrada contra a medula espinhal. A compressão da medula pode ser mínima, causando dor nas costas ou no pescoço, ou pode ser grave, causando perda de sensibilidade, paralisia, e falta de controle do intestino ou da bexiga. Os danos causados pela compressão da coluna vertebral podem ser irreversíveis. O tratamento é baseado em vários fatores, incluindo a localização, gravidade e duração de tempo entre a lesão e o tratamento. Confinar o cão pode ser de alguma utilidade, mas a cirurgia é muitas vezes necessária para aliviar a pressão sobre a medula espinhal. A cirurgia porém nem é sempre bem sucedida.
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